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A Ciência da Fé

15/05/2010 16:47

A história do pensamento humano, em seu desenvolvimento, sempre tratou a questão da “presença de Deus”. Seja duvidando, negando ou defendendo, se torna impossível este  assunto não fazer parte do discurso das diversas correntes de pensamento.

            Os filósofos da suspeita, tais como Marx, Nietzche e  Freud chegaram a conclusão que “Deus estava morto”. Sartre, filósofo francês, um dos últimos pensadores   modernos do assunto, achou a necessidade de “eliminar Deus”  em defesa da liberdade humana, o que deixou no ser humano, segundo o filósofo,“um vazio em forma de Deus”. Aliás, ilustração abundantemente usada na pregação evangélica.

            Mesmo diante das tentativas de enterrar a idéia de Deus, a ciência se volta para descobrir mais informações a respeito dEle, do totalmente outro, e da possibilidade de um relacionamento com a Sua criatura. O ser humano afirma, por natureza (e as pesquisas confirmam) que acredita em Deus, embora que em muitos países industrializados a porcentagem da crença em Deus esteja diminuindo gradualmente.

Diante desse fato, a ciência se debruça na pesquisa procurando resposta para a “experiência com Deus” e como ela acontece. A neuroteologia é uma nova ciência que tenta desvendar o mistério  do como o cérebro experimenta Deus. Procura descobrir a respeito daquilo que os cristãos, através dos séculos, têm chamado de união mística com Deus.

Esta pesquisa científica já acontece desde os anos 70-80, com diversos estudos. Um dos pioneiros nesta área, o cientista James Austin,        conta suas experiências em seu livro “Zen and the brain” (Zen e o cérebro).  Na mesma época, o antropólogo e psiquiatra Eugen d’Aquilli pesquisou a respeito das experiências religiosas, especificamente nos momentos em que o devoto se prostava para sua devoção.

Nos anos 90, se juntou a D`Aquillie o neurologista Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, e passaram a realizar pesquisas tomográficas em cristãos que, em estado de meditação, indicavam uma atividade cerebral específica através do fluxo sanguíneo. Os voluntários pesquisados aceitaram ser supervisionados neurologicamente mediante uma espécie de radiografia cerebral chamada Spect (uma espécie de scanner que mede o fluxo sanguíneo relacionado  na atividade cerebral). Algumas das informações produzidas por esta pesquisa revelam que a atividade do encéfalo é modificada com as atividades espirituais: ao mesmo tempo a região cerebral que trabalha com a orientação espacial é, de certa forma, desativada. É este, segundo as pesquisas neuroteológicas, o momento do êxtase ou onde acontece a experiência mística.

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A partir das imagens produzidas pela tomografia procura-se desvendar  um dos maiores enigmas da realidade: o relacionamento do cristão com Deus na sua vida de devoção. Este ramo do conhecimento tem sido chamado de neuroteologia ou ainda uma biologia da fé. Sem dúvidas,  estas pesquisas trarão maior clareza à conexão entre o cérebro e o transcendental e a chamada espiritualidade. As pesquisas e conclusões de DÁquille e de Newber se encontram publicados no livro “Why God Won`t Go Away”,  (Por que Deus não vai embora?)

Como em décadas passadas aconteceu com a  Psicologia mas que hoje transita livremente no meio evangélico, a Neuroteologia surge como uma ciência que passa a ajudar o homem em sua vida cristã. Ainda que no início muito se questionou o uso da Psicologia, mais tarde esta ciência se ajuntou à teologia, produzindo a chamada Psicoteologia, a qual, atualmente, auxilia o cristão em seu desenvolvimento pessoal e relacional com Deus e o seu próximo. Da mesma forma, entendemos que a Neuroteologia poderá passar pelo mesmo processo.

Diante disso, devemos, em primeiro lugar, encarar o fato de que o desenvolvimento do pensamento humano passa pela teologia e isto não deve assustar o cristão menos atento, pelo contrário, deve lhe ser um estímulo para conhecer o que esta nova ciência  pode trazer de benéfico ou não ao crescimento da fé cristã e do relacionamento do cristão com Deus, especificamente em sua devoção.

Em segundo lugar, o estudo da neuroteologia, embora ainda incipiente,  vem confirmar a “encarnação” da experiência com Deus. Isto significa que ela pode acontecer inserida na realidade histórica da nossa fé e não pertence exclusivamente a um grupo de iluminados ou um tipo de anacoretas do deserto. O chamado “mundo espiritual” é de fato “aqui e agora”, portanto não há necessidade do cristão excluir-se de sua vida cotidiana com seus relacionamentos sociais, traumas e limitações, para  ter acesso ao   sobrenatural.

Em terceiro lugar, é evidente que o cristão deverá ser seletivo nas suas experiências com Deus, como sempre deve acontecer, mas a experiência religiosa e mística está ao alcance de todo cristão nascido de novo e deve produzir os frutos apontados pela palavra de Deus. Ao mesmo tempo, o cristão deve estar alerta para poder discernir aquilo que vem do Senhor e para isso não resta outro caminho a não ser o conhecimento da Palavra de Deus.

Em quarto lugar, o crescimento da ciência não deve trazer uma “paranóia cristã” na qual a experiência com Deus se torna seletiva, ou determinante daquilo que é ou não espiritual ou, por outro lado, num certo escatologicismo em que o Diabo é apresentado como atuante e como poderes especiais para enganar os escolhidos, como tem acontecido nos últimos anos.

Finalmente, esta nova ciência deve estimular o cristão a uma contínua pesquisa no mundo teológico e não se limitar exclusivamente a dogmas ou doutrinas já estabelecidos pela fé, pelo dogma institucional. É um desafio para crescer no conhecimento e preparação para sempre dar “ a razão da nossa fé “ segundo orienta o apóstolo Pedro.

 

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