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Capítulo 1 - Segunda Parte - O CORPO TODO FAZ AMOR

15/05/2010 12:10

Neste poema é a mulher que toma a iniciativa de fazer amor pois ela está embriagada pelo amor e desejo. Não há barreiras ou preconceitos que evitam a conjunção dos corpos dos amantes do poema. Ela esta embriagada mas sem haver bebido. A embriaguez é o seu amor pelo seu amado. É ela que rompe as estruturas sociais da época. Os costumes e tradições são quebrados pelo amor. Não  há correntes nem ferrolhos que segurem àquela que ama

A boca procura os beijos tão desejados pela mulher. Também a degustação do vinho é feita através da língua. Na paixão dos beijos a língua se torna um fator importante de liberdade e transmissão de amor.  Pode ser indicado como  uma severa critica a um sexo forçado, violento e sem expressão de amor. Esta maneira violenta de amar era tão comum naquele tempo, naquela sociedade e naquela cultura.

Num contexto onde o desejo sexual não era um fator preponderante para a escolha do parceiro. Pois este parceiro era uma escolha não feita pela mulher mas pelos pais ou família. A mulher se expõe e aponta que nas suas entranhas é gerado um desejo que deve ser satisfeito por aquele que ela escolheu. Não é um erotismo animal, mas o erotismo do amor. Erich Fromm  escreve, “o desejo sexual visa à fusão, e não é de forma alguma, apenas um apetite físico, o alivio de uma tensão dolorosa. Amar alguém não é apenas um sentimento forte, é uma decisão é um juízo, é uma promes Não é a simples satisfação física, mas um envolvimento emocional completo. A frase “suas caricias são mais agradáveis...” expõe os diversos elementos que compõe um relacionamento intimo. As sensações vão alem do físico.

 Observe que não é a forma de beijar que o torna “o melhor” mas o “seu amor”. O que pode ser percebido que os beijos são resultados do amor e não vice-versa. A mulher aponta  que o amor está acima de qualquer outro valor. O amor é melhor que riqueza e a frivolidade da sociedade da época. A exaltação é dada ao “sabor do amor” e as suas conseqüentes caricias mutuas que mostram a delicia do amor. As caricias ou toque fazem parte do ato de amar. Amar sem tocar é ouvir uma sinfonia sem musica. O toque amoroso estimula o desejo do corpo. Por isso a mulher do poema deseja ser tocada. Mas também o “aroma do amor” é destacado O cheiro que o homem exala provoca na mulher um “despertar do amor”.  Não há duvida que  o ambiente de espera da mulher a provoca a estimula e desperta a sua sensualidade. A sua expectativa aumenta o desejo de encontrar o seu amado

O olfato também faz parte do envolvimento físico-sexual feminino. O cheiro  dos perfumes do amado provocam excitação. Os aromas que possivelmente o homem usa nos seus banhos são agradáveis. A preparação através da higiene, banhos de perfumes ou aromas fazem parte do jogo erótico do casal. O perfume suave do amado é envolvente e excitante. A cena é uma cena que tem sido preparada, e trabalhada pelo casal. Especificamente pela mulher. Ela espera o seu amado. Ela  se preparou para fazer amor. Sem duvidas que aqui também está em jogo o momento do ato sexual que é expressão do amor do casal. Momento este que pode ter o vinho e os perfumes. Ambos elementos impregnam com seu aroma não somente o lugar onde concretizará o ato. Mas também os corpos desejos de se entregarem mutuamente.

Esta canção de amor  esta  apresentando o momento do imaginário da mulher se preparando para o   ato de entrega. Será um momento quando o casal poderá desfrutar livremente  do vinho, dos óleos, dos ungüentos, dos perfumes ou ainda dos pós aromáticos os quais  podem ser comuns às massagens ou as caricias preliminares que antecedem ao ato sexual. O uso dos ungüentos para massagem pode ser uma forma de preparação para o ato sexual. O destaque está no fato que fazer amor é uma arte que pode ser apreendida e expressa através de um  poema.

Assim como as “ caricias são mais agradáveis do que o vinho “, a mulher apresenta o  seu amado como sendo  uma fonte emissora de cheiro agradável através da frase “ a fragrância dos seus perfumes é suave”. Mas uma vez a totalidade da entrega no amor. O erotismo apresentado no poema vai além duma mera expressão física. Existe uma entrega total.

No livro de Cantares o amor possui cheiro, sabor, gosto. A arte de fazer amor produz alem do prazer sexual mas todos os sentidos são envolvidos. Então o amor é apetitoso, saboroso.  Todos os sentidos são alcançados pelo prazer. Isto é a arte de amar

Esta idéia ainda é  reforçada quando a mulher declama, “ o seu nome é como perfume derramado”. Qual será esse nome?  Independente a quem ela se refere, é importante indicar que, a cultura oriental entende a idéia do nome de uma pessoa, não como uma simples identificação, mas é a totalidade da personalidade é a identificação do seu caráter, sua presença, sua personalidade.

O nome representa o mundo físico e interior. Não há dicotomia do espiritual e físico. A entrega não se limita ao corpo mas a fusão integral de dois mundos. A entrega e  participação exclusiva do corpo no ato sexual não é uma to de amor completo. É a entrega animalesca de somente desejar satisfazer o desejo sem experimentar as profundezas  da entrega intima e total. A indicação do nome é  a marca da honra e individualidade Neste caso o seu amado é  totalmente, integralmente dela  mesmo que  outras o desejem. A  forma de ser do seu amado não está somente ligada a um nome mas também ao ser interior. Ambos, isto é, o físico e o ser do homem  são atraentes, desejados, agradáveis para a mulher pois ele é superior ao “ perfume derramado”. Derramar perfume sobre o corpo do homem ou mesmo sobre a mulher era comum especialmente na entrega amorosa dos amantes. Estes perfumes ou óleos eram feitos com diversas especiarias que produziam um perfume agradável. A palavra hebraica tanto para homem como para perfume (ungüento, óleo) são parecidas e parece que há neste poema um jogo de palavras. (Cf. Strong). O uso de óleo ou perfumes era expendioso. Possuir óleos ou perfumes eram sinais de prosperidade e luxuria (Dt:32:8; 33:24; Jô:29:6) O uso de ungüentos era associado ao mundo festivo. Eram nestas ocasiões que os convivas usavam estes perfumes e colônias. O momento de amor é um período de festividades onde a agitação da sociedade é esquecida pois uma grande festa entre o casal vai acontecer. Não havia o porque não gastar estas poções aromáticas neste ato tão desejado pelos enamorados

O interessante é relacionar estas marcas de alegria, êxtases, perfumes, ungüentos, etc. com o relacionamento sexual que a mulher do poema procura no seu amado. Sexo não era algo arcaico ou um mero instrumento de procriação, mas também era um meio de expressão de felicidade, prazer e desejos. Estes são enxergados como dádiva divina. Estas marcas oferecidas pelo ato amoroso apontam a importância da expressão erótica da mulher a qual carregava na sua personalidade e corpo e expressa não somente através do ato mas também através da espera e preparação do encontro. Era momentos de sedução de ambos que se concretizam nos aposentos das suas casas.

Deve ser exaltado o fato que no prólogo dos cânticos é dedicado ao erotismo feminino. A mulher inicia o jogo amoroso, sedutor e erótico. Não é um poema machista que expõe a mulher como mero objeto sexual. Mas é uma apresentação da mulher que sente desejos pelo seu amor. Seus pensamentos a enlevam além do mero sentimento de atração. O desejo é forte. A paixão ardente da sua carne deseja o amado. O desejo é forte até o ponto que todo o seu corpo e sentidos são envolvidos em  participar da atração erótica pelo amado. O corpo deseja o corpo. O corpo deseja os lábios que beijam. O amor embriaga não somente o ar mas os sentidos da donzela que deseja.

      O desejo da mulher é maior do que um possível ciúme quando ela afirma que “ não é a toa que as jovens o amam”. A palavra usada no hebraico é “virgem” Talvez essas jovens sejam as virgens que acompanham a noiva no seu casamento. Ao mesmo tempo indica uma certeza do amor do amado por ela e o mesmo que ela nutre por ele. Ela sabe que outras mulheres podem amar ou até desejar o seu amado, mas ela está entregue de corpo, sentido e paixão por seu escolhido. Mesmo extasiada pelo desejo a mulher reconhece que o seu amado é desejado por outras mulheres, “... as donzelas se enamoram de ti”(BJ). Ela reconhece o fato que a masculinidade do seu amado é atraente para outras mulheres. Diante da completa descrição que ela faz do seu amado não há dúvida para ela da existência  de outras mulheres dentro do seu círculo de amizade  que olham o seu amado e também desejado. Não há porque esconder o que é belo, agradável, atraente. O masculino também pode ser admirado e desejado. A mulher também foi criada com as emoções intuitivas do desejo, da paixão, da admiração. Não há  porque não expressar.

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